Por
vezes, uma “conversa de café” é suficiente para se fazer uma viagem memorável
para sempre! Um almoço durante um passeio de moto até Ponte de Lima levou uma ideia
a tornar-se num “projecto” e mais tarde numa viagem em grupo de 3 motos, 4
pessoas, que foi realizada sem incidentes e trouxe muitas memórias, certamente
inesquecíveis!
Aproveitando
os feriados em Abril e Maio foi relativamente fácil conseguir duas semanas de
férias para esta viagem, obviamente que este facto faz com que esta altura seja
considerada época alta a nível turístico inflacionando os preços, sobretudo no
que respeita a alojamento. Parece-me possível viajar para Marrocos em Agosto,
mas atendendo às temperaturas elevadas sobretudo no sul, certamente será extremamente
desconfortável e altamente exigente.
As
viagens organizadas por agências têm a vantagem de já incluirem seguros, hotéis
programados, guias e viatura de apoio o que permite maior tranquilidade ao
viajante, a desvantagem será certamente o preço.
Logística - A
preparação desta viagem foi relativamente simples, o mínimo de programação
possível que contraria os meus ideais que me obrigam agendar tudo e programar praticamente
tudo ao minuto. Optamos então arrancar sem hotéis marcados e sem um estudo detalhado
dos principais pontos de interesse, apenas definimos um percurso geral, o que
tornou tudo numa agradável surpresa e permitiu algumas alterações durante a
viagem ao percurso previsto inicialmente.
Alojamento - É
fácil encontrar alojamento em Marrocos e os preços são habitualmente idênticos
à Europa, algumas vezes inferiores. No que respeita aos hotéis minimamente
conceituados não me parece plausível a negociação de preços, nestes casos orientem-se
pelos preços de tabela. Habitualmente os hotéis são mais caros comparativamente
a riads ou auberges onde bastam alguns minutos de negociação para se conseguir
um preço mais baixo embora este tipo de alojamento seja mais fácil de encontrar
em vilas e pequenas cidades onde os hotéis não abundam. As riads são casas típicas Marroquinas adaptadas para alojamento
turístico tornando mais pitoresca a vossa estadia, os auberges são comparados a pensões num estilo misto entre hotel e riad. Os preços dos hotéis rondam os 650
Dirhams (60€) sendo que as riads e auberges começavam a partir dos 200
Dirhams (18€), valores indicativos para duas pessoas num quarto, habitualmente
com pequeno-almoço. Antes de aceitarem peçam para ver as condições dos quartos,
analisem previamente e negoceiem as condições e refeições a incluir. Por norma
os Marroquinos gostam de conversar e conhecer as pessoas, no entanto não se
sintam na obrigação de aceitar apenas por simpatia, se as condições não corresponderem
às vossas expectativas procurem outro local. É com facilidade que se encontra alojamento
com condições de limpeza adequadas e casa de banho privativa, obviamente estas
condições influenciam consideravelmente o preço, não ultrapassando os preços
Europeus.
Alimentação - Ao
contrário da ideia que tinha as refeições em Marrocos são fenomenais! A
alimentação é fenomenal no que respeita à qualidade e quantidade com preços
bastante apelativos. A regra que deve ser aplicada é a de não quererem conhecer
o vosso prato antes e durante a confecção, pois se a ASAE trabalhasse por lá
provavelmente entrava em colapso ao segundo dia... Todas as boas práticas que
subentendemos como higiénicas e habituais não costumam ser aplicadas. No
entanto a oferta é variada e deliciosa sendo os práticos mais comuns os
seguintes:
- Tagines (legumes estufados num prato típico de barro durante 2 a 4 horas), pode não ser exclusivamente vegetariano e ter frango ou cordeiro
- Brochettes (espetadas de frango)
- Omoletes berbere (omolete preparada no prato de barro das tagines)
- Couscous
- Cordeiro ou borrego grelhados
- Frango grelhado
- Pizzas entre outras comidas “rápidas”
- Acompanhamento habitual batatas fritas e saladas
No nosso caso ficamos viciados nas tagines,
acompanhadas com pão típico kesra, se bem que as omoletes e os couscous são
pratos igualmente deliciciosos. Questionem o preço antes de fazerem o pedido,
verifica-se claramente que o preço para turístas é extremamente inflaccionado,
se tiverem um menu com preços nunca têm surpresas do que vão gastar, mas mesmo
nestes casos o valor pode ser negociado. A utilização de especiarias é comum e
qualquer refeição tem um sabor totalmente diferente do que é esperado,
habitualmente delicioso e dificilmente demasiado intenso ou picante. Os cafés
são de utilização de elementos do sexo masculino, as pastelarias são mistas e o
mais comum é servirem chã, sumos naturais e croissants. Sendo um povo
Muçulmano, obviamente não esperem encontrar bebidas alcoólicas, como
alternativa, o mais comum é o chã sendo de excelente qualidade, normalmente
preparado com ervas frescas bastante quente, doce e intenso. A publicidade da
Coca-Cola encontra-se em quase todas as esquinas como tal encontramos bebidas
gasificadas da marca em todo lado a preços económicos. O conselho habitual é
consumirem exclusivamente água engarrafada, que pelo constatamos é de excelente
qualidade. Confirmem sempre que a carne está bem cozinhada, por uma questão
infecciosa os grelhados são os que garantem maior segurança
Moto - Qualquer
moto é perfeitamente válida para uma viagem destas e três Honda (Deauville,
Pan-European e Varadero) foram perfeitamente capazes do desafio e até ao
sacrifício de circular em areia foram submetidas! Revisão efectuada em concessionário
oficial é essencial, mas por segurança levem óleo, um tubo de combustível, uma
vela, um kit de furos adequado ao
tipo de pneus e algum consumível adicional que considerem essencial. Felizmente
não foi necessária nenhuma intervenção mecânica e encontram-se com muita
regularidade postos de combustível, no entanto evitem andar próximos da
reserva, chegamos a ter uma surpresa numa cidade que não abastece motos ao
Domingo o que pode obrigar a percorrer mais 50km até encontrar o posto
seguinte. Oficinas mecânicas encontram-se em praticamente todas as cidades mas a
julgar pela sua aparência devem prestar assistência apenas a 50cm3 e
não deverá ser fácil encontrar material para motos de cilindradas médias / elevadas.
Felizmente não tivemos surpresas desagradáveis, mesmo assim convém ter a garantia
de pneus em bom estado, que permitam percorrer a viagem programada sem
necessidade de substituição dos mesmos. Quase todos os hotéis disponibilizam
uma garagem fechada para as motos ou um local com alguma segurança. Ferramentas
básicas, fita-cola americana e abraçadeiras plásticas são essenciais, pois
mesmo sem conhecimentos mecânicos aprofundados podem existir pequenos
imprevistos que sejam resolvidos com facilidade, como por exemplo o descolar
das solas das botas do Eduardo que foi facilmente resolvido com fita-cola J.
Segurança - O
seguro da moto para Marrocos é obrigatório, a extensão da carta verde é
considerada simples mas façam a requisição à vossa seguradora com alguma antecedência.
O custo é relativamente baixo, devendo rondar cerca de 15% do valor do vosso prémio
anual. Não esquecer que Marrocos também é África e o custo de um seguro de
viagem que ronda os 50€ por pessoa permite-vos a tranquilidade da possibilidade
de repatriamento em caso de acidente ou doença, numa viagem destas o valor não deverá
ser considerado significativo e dá mais alguma tranquilidade na loucura
existente nas estradas uma vez que os serviços hospitalares não aparentam ter
serviços comparados com as normas europeias. Utilizem equipamento que vos
transmita segurança, conforto e seja bastante visível. Mera coincidência
tinhamos todos capacetes Nexx XR1R e mais uma vez a marca Portuguesa comprovou
ser uma excelente aposta em grandes viagens. A meteorologia é instável, e
enquanto as temperaturas no deserto podem rondar os 40º, no mesmo dia no Atlas circulamos
com 0º e direito a granizo, pelo que os impermeáveis devem fazer parte da
lista, além de vos manterem secos funcionam como corta-vento e aumentam a
temperatura corporal.
Estradas - Habitualmente
utilizo a norma de “evitar autoestradas sempre que possível”, mas em Marrocos é
bem mais complicado conduzir nas estradas nacionais ou dentro das cidades que
nas auto-estradas, atravessar as cidades e vilas é sempre demoroso. Em país
alheio e em caso de dúvida cumprimos as regras de estrada que conhecemos, mas
os semáforos são indicativos e ainda no sinal vermelho já somos buzinados para
arrancarmos. As estradas tem piso habitualmente razoável ou bom, as bermas
costumam ser de terra batida com um declive acentuado, como tal tenham atenção
reforçada às ultrapassagens pois podem ser empurrados para a berma, não é
ocasional, é mesmo assim que funciona e não entendam como um atentado à vossa
segurança mas sim uma questão de prioridades, onde esta é atribuída
proporcionalmente ao tamanho do veículo. Convém olhar quase tanto para os
espelhos como para a estrada, e circular em auto-estradas não é motivo para menos
concentração uma vez que é comum encontrar quem pare para fazer um picnic, famílias
numerosas a pedir boleia, ovelhas a pastar ou galinhas a depenicar nas
bermas... Estradas em montanha podem estar em condições miseráveis devido às
derrocadas de pedras, buracos, areia e água, é possível demorar mais do dobro
do tempo estimado nestes casos.
O
estacionamento é habitualmente pago, não por sistemas de parqueamento mas por
arrumadores. Deve ser pago no momento de saída e o ideal será entregarem moedas
pequenas, perfazendo um total entre 5 a 10 Dirhams. Caso utilizem um parque,
questionem o custo antes de estacionarem, nesta situação o preço é
habitualmente negociável.
O
trajecto habitual em Marrocos é dirigirem para Sul pelo interior, percorrer o
sul do Atlas em direcção a Oeste e seguir para Norte pela costa, sendo que aqui
aconselho a utilização de auto-estrada pois o trafego é extremamente intenso.
Documentos e moeda - O passaporte é imprescindível para entrada em
Marrocos e nunca deve ter uma validade inferior a seis meses. Não é necessária
a requisição de nenhum visto adicional, o carimbo de entrada é válido para três
meses se pretenderem estar mais tempo o ideal é voltarem à fronteira e
revalidar o mesmo. O livrete da moto deve estar em nome do condutor, pelo menos
aparenta ser um processo mais simples nestes casos, pois pelo que me apercebi
não será fácil entrar em Marrocos com um veículo alugado fora do país.
Digitalizem os documentos mais importantes ou tenham uma cópia adicional para
utilização em caso de perda, a alternativa de guardar estes documentos num
serviço de cloud permite-vos o acesso
pela internet a uma cópia dos mesmos em caso de necessidade. Nas cidades
encontram-se com alguma regularidade caixas multibanco onde os cartões de
débito ou crédito costumam funcionar sem problemas. A taxa para levantamento
ronda o valor de conversão de referência acrescido de 4%, como tal poderá
compensar levarem alguns euros e fazer a conversão na fronteira, sendo que
antes de partirem vejam as taxas cobradas pelo vosso banco. O ideal é
utilizarem sempre a moeda local, mas habitualmente, em qualquer local aceitam
euros (apenas notas) mas a conversão nunca é vantajosa para o cliente uma vez
que dividem por dez o valor que vos indicaram em Dirhams, quando na realidade
um Euro ronda onze Dirhams.
Comunicações - Os
custos de telemóvel por roaming em África são astronómicos, mas aproveito para
informar que é perfeitamente normal os hotéis terem o serviço de internet wifi
gratuito, caso não o indiquem experimentem activar o wireless e provavelmente
vão ter uma rede disponível e gratuita, isto aliado a um telemóvel com funcionalidade
wifi permite-vos a utilização de aplicações VOIP sendo uma excelente
alternativa de baixo custo, como por exemplo o Skype ou outras que permitam
chamadas gratuitas para números fixos e evitam que “sofram” com o roaming.
Desactivem os serviços de dados por roamings, bem como o voicemail, pois ao
custo de uma chamada normal recebida será acrescentado o valor de uma chamada
em roaming.
Utilidades - Na
minha opinião o GPS não me parece um acessório obrigatório em Marrocos, se o
objectivo for circular por pistas ou andar pelo deserto aí será interessante
para não se perderem e manterem a orientação. Encontra-se com frequência
polícia nas estradas e é com gosto e simpatia que vão tentar esclarecer-vos
qualquer dúvida. Um mapa com algum detalhe será suficiente e o GPS poderá ter
maior utilidade para procurarem pontos de interesse dentro das cidades (hotéis,
máquinas multibanco, serviços hospitalares, etc). É conveniente terem
disponível uma lista de contactos úteis, como por exemplo a embaixada
Portuguesa em Marrocos, contactos da seguradora do veículo e seguro pessoal
caso tenham. O kit SOS e medicamentos
básicos não devem faltar, convém não faltar medicação para as dores de estômago
e outras semelhantes… Tomem nota que a corrente do estreito de Gibraltar pode
ser muito forte, existem sacos para o enjoo no barco mas também podem tomar um
comprimido de prevenção. As tomadas eléctricas são iguais às Portuguesas 220v,
não sendo necessário qualquer adaptador especial. Obviamente que a máquina
fotográfica não pode faltar, se bem que em Marrocos uma imagem não vale 1000
palavras, vale muitas mais!!!
Fronteira Tarifa-Tanger - embora o procedimento seja consideravelmente
simples, a ânsia que sentimos pode atrapalhar um pouco, obviamente que a juntar
a este factor temos “N” Marroquinos a
pressionar-vos neste processo, o meu conselho é para que mantenham sempre a calma
e exprimam isso caso alguém vos requisite os documentos ou vos pressione para
irem a alguma caixa ou guichet. Vou tentar simplificar o processo à data de
Abril de 2013 seguindo pela respectiva ordem. No momento de compra dos bilhetes
de ferry são-vos entregue dois papéis para os vossos dados pessoais, um branco
(papel de entrada) e um amarelo (papel para saída), se tiverem tempo preencham
os dados dos mesmos antes de entrarem no barco (sendo nesta fase necessário
apenas o papel branco, para entrada). Dentro do barco existirá um pequeno
guichet (um funcionário num banco do barco, com um PC portátil e um carimbo)
onde será necessário mostrar os passaportes e entregar o papel branco, basta
procurarem onde toda a gente se dirige, sigam a “corrente”. Chegada ao porto de
Tanger a confusão começa, após sairem do barco vão dizer-vos para estacionarem
antes do portão de saída, a um ritmo extremamente frenético vão dirigir-se ao
vosso encontro funcionários (julgo eu pelo colete que utilizavam) a pedir-vos o
passaporte do condutor e livrete da moto, aqui têm duas opções, ou aceitam e
preparam-se para lhes dar a propina (gorjeta – 50 Dirhams/5 Euros), ou em
alternativa saem calmamente da moto e fazem o procedimento por vosso conta. Se
optarem pelo apoio dos funcionários, os mesmos vão “fugir” com os vossos
documentos e preencher-vos o papel de saída da viatura, caso não estejam
dispostos abrir os bolsos o que devem fazer é o seguinte:
- Vão ao posto fronteiriço requisitar o impresso de viatura e preencher o mesmo conforme dados do livrete e passaporte do condutor, não são necessários documentos do pendura .
- Vão ao posto policial para confirmarem os dados.
- Vão ao posto aduaneiro para confirmarem dados da viatura.
- Voltam para junto da moto e aguardam pela vinda do polícia e respectivo carimbo de saída, caso hajam dados em falta ele irá informar-vos.
Fica
na vossa posse o papel amarelo que deverá ser guardado até à saída de Marrocos
e uma cópia do formulário da viatura. Terminado podem seguir caminho e
finalmente entrar em Marrocos… Ufa! Imediatamente tem postos de conversão
EUR-MAD e obviamente ao habitual ritmo frenético vão ao vosso encontro “N” Marroquinos para vos convencer a irem
a uma determinada banca (conforme a comissão que lhes interessa)… Tenham
cuidado pois podem oferecer-vos taxas mais “vantajosas”, mas atenção que
legalmente só podem recorrer a casas oficiais de câmbio.
No
regresso o processo é mais simples, obviamente devem trocar os Dirhams por
Euros antes da entrada na fronteira. Será necessário carimbar a saída no
passaporte no guichet da polícia, e o formulário da viatura deverá ser apresentado
no posto aduaneiro. Feito isto guardem a cópia do formulário da viatura religiosamente,
para sempre, e se regressarem a Marrocos tragam-na para comprovar que entraram
e sairam do país com a mesma viatura. Agora é só entrar no ferry…
Conselhos e Dicas - Não é fácil conduzir em Marrocos, tentem manter uma
postura de prevenção e com o máximo de atenção possível. Os limites de
velocidade são rigorosos e as operações políciais apenas parecem estar atentas
a esta infracção pois vamo-nos cruzando com imensos radares, sendo que
habitualmente se encontram no final de grandes rectas escondidos atrás dos
arbustos. O trânsito nas grandes cidades é caótico, não só pela quantidade de
viaturas, mas pelas viaturas em sentido contrário, peões atravessar a qualquer
momento, carroças e tudo o que seja possível imaginar, o que pode impedir
cumprir a quilometragem diária previamente estimada. Certamente vão ser aliciados
para comprarem “chocolate”, tomem atenção que as drogas são ilegais quer a sua
posse ou consumo e nunca aceitem um pedido para trazerem uma embalagem convosco
para a Europa, sobretudo em Tanger estejam atentos à vossa moto para que
ninguém coloque alguma embalagem sem o vosso conhecimento e consentimento.
Nos
pontos turísticos existem habitualmente guias, supostamente oficiais pela sua
identificação, sendo que o custo é indicado pelo mesmo. Normalmente é indicado
um preço total de referência face à dimensão do grupo e percurso, valor ao qual
devem acrescentar cerca de 20 Dirhams se ficaram impressionados ou menos 20
Dirhams se não cumpriu com as vossas expectativas.
Circulamos
de taxi em Fès, uma verdadeira aventura! Por 11 Dirhams (1 euro) circulamos
cerca de 5 quilómetros, valor este duplicado quando é activada a tarifa
nocturna. Dificilimente o taxi tem cintos e rezar pode ser uma boa prática
(mesmo para ateus), sobretudo quando utilizam postos de combustível para fugir
a semáforos (sem abrandarem mínimamente), circulam lado a lado numa só faixa e
circulam em rotundas a velocidades estonteantes, tudo isto com viaturas que
contam muitas centenas de milhares de quilómetros…
Resumo
A costa Atlântica Marroquina tem cidades bastante
atractivas, interessantes pela sua cultura, história e arquitectura, no entanto
é habitualmente bastante confusa pelo excesso de trânsito e população. As
periferias são habitualmente pobres onde os bairros “de lata” tem uma extensão a
perder de vista, não impedindo que faltem as antenas parabólicas em todas as
habitações. Circular no interior ou no sul é muito mais simples e bastante mais
rápido.
Tivemos
a oportunidade de ir ao deserto e acampar numa tenda berbere, serviço disponibilizado pelo www.aubergedusud.com que constatamos ser
uma noite fenomenal, admirar tanto o nascer como o pôr-do-sol no deserto é uma
oportunidade única, a não perder. Foi a nossa excentricidade da viagem que
comprovou merecer bem o custo da mesma, se bem que não fiquei adepto dos
dromedários como meio de transporte pois qualquer moto é bem mais confortável J.
A
população olha-nos muitas vezes de forma que poderíamos considerar desconfiada,
mas rapidamente chegamos à conclusão que não é por maldade ou inveja mas pura
curiosidade, rapidamente sentimos que é um país seguro, e em momento algum
tivemos receio ou sentimos que o ambiente seria perigoso. São culturas diferentes
da nossa como tal devemos respeitá-las, evitem tirar fotografias nos locais considerados
por eles sagrados e se quiserem tirar uma fotografia a alguém peçam-lhe
autorização primeiro, eventualmente vão ter alguns minutos de boa conversa. A
língua francesa é comum, no entanto se não a dominarem não se preocupem pois
existe um esforço considerável para nos entenderem seja em Português, Espanhol,
Inglês ou outras. De certeza que vão encontrar uma forma de comunicação e a
língua não será impedimento para visitar Marrocos.
A
visita às cascatas de Ouzoud e atravessar o Atlas por Demnate foi das melhores
experiências que tive até hoje, mas para 150 quilómetros foram necessárias
cerca de 6 horas de condução devido ao mau piso. Encontramos algumas crianças
por lá a quem oferecemos algumas canetas e marcadores sem valor comercial, no
entanto as suas reacções irão estar nas nossas memórias para sempre, como é
possível que um objecto tão simples traga uma expressão de felicidade e
agradecimento tão sincero e carinhoso. Ficamos com vontade de voltar com
brinquedos e roupas novas para estas crianças que nada tem e vivem muito abaixo
do limiar de pobreza em habitações que são verdadeiras ruínas, sem tectos,
portas ou janelas, onde a electricidade e água canalizada não chegam. Os seus
sorrisos marcaram-nos, para sempre…
Se
tiverem dúvidas sobre ir a Marrocos, arranquem para viagem, certamente não se
vão arrepender! Primeiro estranha-se... mas depois entranha-se e faz parte de nós.
Dados para uma moto com 2 passageiros
|
|
Diversos
|
|
Distância
total percorrida
|
4182
km
|
Duração
|
11
dias
|
Tempo de
condução
|
72 horas
|
Combustível
|
208 litros
|
Média
de consumo
|
4,98 l/100
|
Preço
combustível Marrocos
|
1,14
€/litro
|
Gastos
|
|
Combustível
|
265,42
€
|
Portagens
|
24,42
€
|
Alimentação
|
186,48
€
|
Alojamento
|
533,51
€
|
Extras
|
93,90€
|
Ferry
|
161,20€
|
Seguro
de viagem
|
101,98€
|
Total de gastos
(Gaia
a Gaia 1 moto 2 pessoas)
|
1.366,91 €
|
Sem comentários:
Enviar um comentário