Viena
a Zagreb – 391 km
A
Eslovénia foi uma surpresa agradável, estradas com óptimo piso, e excelentes
paisagens. Esperávamos uma mudança radical da Aústria, mas fomos surpreendidos
por um ambiente acolhedor e agradável que demonstrou ser um país que ainda
sofre com dificuldades económicas históricas, mas faz um esforço significativo
por crescerem em comunidade. A simpatia é visível nos seus habitantes surpresos pelo P na matrícula, questionando se vínhamos da Polónia. Quando referíamos
Portugal nunca referiram crise ou algo negativo, felizmente não é assim que
somos vistos! A chegada à Croácia implicou algum tempo de espera na fronteira e
olhar de desconfiança constante por parte das forças de segurança. Chegado ao
dito Hotel deparamos-nos com um prédio habitável em que o primeiro piso foi
transformado para dormidas de turistas, mas que zelou pela simpatia e bom
estado. Zagreb não nos pareceu uma cidade muito amistosa, sentimos-nos afastados
daquele ambiente em que tão depressa estávamos sozinhos como nos deparávamos
com festas de rua em que animação era a palavra de ordem. Tem muita cultura
para ver mas o dia seguinte prometia ser longo…
Zagreb
– Lagos Plitvicke – Zagreb – 303 km
Uma
chamada no início do dia confirmou que íamos percorrer os lagos Plitvicke com
amigos portugueses, pois a Cátia Xavier e o Carlos que começaram a sua viagem
por Montenegro também estavam pela Croácia, e aproveitaram o mesmo dia para a
visita aos lagos. O sul da Croácia é bem mais calmo, próximo da Natureza, com
muitas pensões e restaurantes típicos junto à estrada. Nesta região existem
muitos lagos naturais sendo fácil o contacto constante com a Natureza, os
parques de campismo escondem-se nos bosques e a vida selvagem abunda. A magia
de Plitvicke não deixa ninguém indiferente, as águas cristalinas, a música
proveniente das cascatas com a folhagem imensa, molda a nossa visão do planeta
Terra, razões pelas quais é património mundial da Unesco. O dia passa
rapidamente quando nos sentimos tranquilos e calmos, e enquanto caminhamos
pelos trilhos de madeira pelos bosques não nos apercebemos do calor abrasador.
Zagreb
a Pádova – 545 km
Os
dias são longos mas o percurso até Pádova também e saímos bem cedo de Zagreb,
percorrendo algumas estradas rurais da Eslovénia, com destino a Ljubljana. Ficamos
encantados pela beleza da cidade, a alegria que se vive nas ruas onde nos
cruzamos com povos de todo mundo e com regularidade ouvíamos falar em
Português. Estamos na terra dos dragões e identificamos esse misticismo com frequência.
O rio Lublianica divide a cidade em dois, e as “três pontes” definem o
centro da capital Eslovaca. O tempo escasseia e recorremos a auto-estradas até chegarmos
próximo da fronteira Italiana em que optamos por serpentear entre as montanhas
até Trieste, cidade portuária com história milenar em que nos rendeu alguns quilómetros a pé entre as ruínas do coliseu até à marina. Seguimos ao pôr-do-sol, junto ao
golfo de Trieste, até Treviso onde jantamos comida tipicamente Italiana num
ambiente típico e pitoresco. Até ao Hotel foi um “pequeno” salto após um longo
dia de viagem.
Pádova
a Innsbruck – 316 km
Pequeno-almoço
fenomenal acompanhado pelo melhor Mocaccino que saboreamos até hoje, e
estávamos prontos para voltar à Áustria, sem antes ir a Verona, cidade que, com
perspicácia tornou-se na imagem de Romeu e Julieta. Prima pelo seu coliseu e espectáculos teatrais lá realizados, com uma arquitectura fantástica. As fontes
de água fresca eram muito agradáveis e úteis com a temperatura a chegar aos 40º
e almoçamos numa esplanada em jeito de despedida das maravilhosas refeições
Italianas. A estrada em direcção a Norte é excelente entre vinhas e imensos
campos de fruta. Depressa estávamos a mais de 2000 metros de altitude e
chegávamos ao primeiro “pass” – denominação para as estradas que atravessam as
montanhas percorrendo os vales. Chuva, trovoada e temperaturas inferiores a 10º
contrastavam com o calor da manhã, mas nos Alpes estas alterações climáticas
repentinas podem ser consideradas comuns. Os edifícios em Inssbruck tem
fachadas floridas com pinturas vistosas e clássicas, as varandas sobressaem com
formas hexagonais tornando a cidade inconstante, mas que a torna especial.
Innsbruck
a Zurique – 491 km
Vales,
montanhas, motos, mais vales, muitas curvas e ainda mais motos. Ao percorrer
estas estradas, recordo-me da citação do George Carlin que diz: “já reparaste
que quem conduzir mais rápido que tu é um louco, mas quem for mais lento é um
idiota?”. Um dia de sol, piso excelente e curvas tão fantásticas pensadas em
arredondar pneu levam a alguns abusos, isto contrasta com um número elevado de auto-caravanas que percorrem lentamente estas estradas desesperando muitos
motociclistas. Novamente em Itália, atravessamos umas boas dezenas de túneis
que se alternavam por estradas estreitas com ravinas que deveriam ter centenas
de metros… De repente estávamos absolutamente parados, aguardando a aterragem
de um helicóptero de emergência, num local que só os melhores profissionais
devem ter apetências para tal feito. Aparentemente um acidente de moto obrigou
a actuação das equipas de emergência, relembrando que a condução nestas estradas
deve ser bastante cautelosa… Já víamos a neve no topo da Stelvio, e começávamos
a serpentar nas famosas curvas. O trabalho aqui é dos dois, em que o condutor
tem de ter a concentração e perícia necessárias para contornar 180º em estradas
de dois sentidos e a pendura participa continuamente, dando informações sobre
as restantes viaturas e margens de manobra disponíveis. É um desafio que até
parece pequeno quando chegamos ao topo e deparamos-nos com mais de uma centena
de motos e muitos ciclistas que ultrapassaram os 2700 metros de altitude. O
ambiente é 100% motard, e a sensação de objectivo concretizado evade-nos
novamente. Ainda percorremos muitos vales e mesmo assim deixamos muito por ver,
os Alpes tem muito para conhecer e aqui não há tempo perdido apenas ficamos com
um sentimento de saudade. A noite em Zurique é bastante agradável, e um passeio
pedonal junto ao rio permitiu-nos relaxar e esquecermos-nos do quanto
industrializada é a cidade.
Zurique
a Genebra – 304 km
O
melhor deste dia foi termo-nos perdido! Vezes e vezes sem conta! Felizmente
insistimos em discordar do GPS e percorremos estradas rurais ao longo de lagos
em que os habitantes usufruem das temperaturas amenas de Agosto, quer seja em
pequenos barcos à vela, passeando de bicicleta ou simplesmente apanhar sol nos
diversos relvados cortados e desenhados com perfeição. Esta é a definição de
qualidade de vida, e os Suíços sabem bem aproveitar estes momentos. A capital Bern
transpareceu a imagem de uma cidade fantasma num Domingo em que todas as lojas
se encontravam fechadas e nem os famosos relógios deixavam a preguiça nas
mudanças de hora. Genebra tinha mais vida, muitos Bancos e lojas de relógios
com custo superior a 4 dígitos… A facilidade da inexistência de fronteiras
permitiu-nos dormir em França com custo bem inferior.
Genebra
a Nimes – 365 km
Annecy
fica bastante próximo de Genebra e a influência Suiça é bastante forte, quer na
arquitectura com diversos canais recordando Veneza ou nas diversas lojas típicas
com iguarias dos Alpes que nos despertavam os sentidos, desde os queijos e
enchidos aos famosos chocolates deixavam qualquer um com água na boca. Com um
dos lagos mais limpo do mundo e temperaturas a rondarem os 40º, a nossa vontade
era de usufruir da praia ou em alternativa um relaxante passeio de barco mas já
estávamos perdidos no tempo e com sentimento triste de despedida seguimos em direcção a Lyon. O tempo era seco a paisagem árida e triste e já próximos de
Lyon, extremamente cansados com o calor e trânsito intenso desistimos da ideia
e rumamos para Nimes onde os nossos amigos de Portugal Sandrine e
Carlos (Trilho) aguardavam-nos com a melhor refeição das férias acompanhada de
uns deliciosos crepes.
Nimes
a Andorra – 527 km
A
caminho da península Ibérica percorremos pelas longas planícies do sul de
França com a belíssima fortaleza de Carcassone como imagem de fundo. Pelos
Pirenéus andamos por estradas inimagináveis, com mau piso compensado por
excelentes paisagens, em que não nos cruzamos com vivalma durante dezenas de
quilómetros. Na chegada ao principado de Andorra notamos o frenesim das compras
como se dos saldos se tratassem. Os combustíveis são bastante mais económicos e
tudo aqui é relacionado com comércio.
Andorrra
a Saragoça – 358 km
A
manhã foi utilizada para passear por Andorra e renovar alguns artigos de
motociclismo pois este é o local apropriado para isso, com dezenas de casas da
especialidade e em que a língua Portuguesa deve ser mais comum que a Espanhola.
Com ritmo calmo e sem qualquer pressa seguimos até Saragoça para um
“drive-throught” pela cidade e deitar bem cedo.
Saragoça
a Gaia – 854 km
O
último dia é sempre o mais perigoso, pela emoção e ansiedade de chegar cedo a
casa. É sobretudo nesta altura que temos de conduzir com precaução e manter a
velocidade nos limites de forma a garantir uma viagem segura e sem incidentes.
Foi suficiente apenas uma paragem para abastecimento e esticar as pernas, e num
ritmo constante chegamos a casa com a sensação de dever cumprido. As longas
horas deste dia permitem-nos sonhar com as próximas viagens e “projetos”, e
retomamos novamente toda a viagem na nossa mente questionando o que ficou por
ver ou o tempo desperdiçado.
Conclusão...
Em
jeito de conclusão, foi fácil apercebermo-nos que pobreza, miséria, tristeza
existe em todo o lado sem exceção. Para mim, Portugal continua a ser o país
onde a alimentação é económica e de qualidade invejável! A estadia por cá
continua a ser sobrevalorizada para o serviço apresentado e Itália ou Espanha
superam-nos neste ponto. São as pequenas vilas que nos surpreendem
constantemente e marcam-nos com a sua beleza, gentes ou unicidade. Contrariando
o seu propósito, considero que as autoestradas são pura perda de tempo pois o
importante nunca é o destino, mas sim a viagem…
belas reportagens
ResponderEliminarmas então não houve viagens desde agosto de 2011?
tens de pôr isto a mexer ;)